Influenciador Jones Manoel recebe novas ameaças de morte e ofensas racistas de organização neonazista: 'Chance para livrar sua vida', diz e-mail
21/10/2025
(Foto: Reprodução) Jones Manoel recebe novas ameaças de morte e ofensas racistas de organização neonazista
O historiador e influenciador Jones Manoel voltou a receber ameaças de morte de organização neonazista internacional. O primeiro ataque aconteceu em agosto, por e-mail. Em outubro, o mesmo grupo retomou contato, desta vez utilizando o endereço eletrônico de uma funcionária do governo da Paraíba.
Ao g1, Jones Manoel contou que os criminosos pedem R$ 250 mil via Pix e que, desta vez, a ameaça de morte se estendeu à família dele.
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A nova mensagem chegou no sábado (18) e, segundo o influenciador, os criminosos dizem que, se ele não pagar o valor, "a qualquer momento vai chegar uma moto aqui na minha casa e eu vou ser morto".
"Decidimos te dar uma segunda chance para livrar sua vida. [...] Dessa vez é o mesmo valor da anterior. Se tiver retaliação igual à anterior, não vai ter próxima", diz a mensagem de ameaça.
O texto também traz diversas ofensas racistas e debocha da ação da Polícia Federal.
Um trecho do e-mail diz: "Acha mesmo que a bosticia federal [sic] dessa latrina chamada Brasil conseguiria fazer o mínimo de dano que seja na nossa organização com a operação extremamente protegida e bem reforçada?".
De acordo com Jones Manoel, o grupo criminoso aparenta ter conhecimentos sobre tecnologia e estelionato.
"A gente está lidando com uma pessoa ou pessoas que sabem mexer muito bem com aspectos da internet e que têm experiência com golpes financeiros. Na primeira ameaça, eles mandaram links para fazer Pix que não era da chave Pix do portador, era de instituições de intermediação bancária", disse.
Desta vez, as chaves Pix compartilhadas foram três números de telefones de terceiros, chamados pela organização criminosa de "laranjas".
Segundo Jones Manoel, uma equipe do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) ligou para o historiador na segunda (20) e disse que "a ministra Macaé Evaristo soube do caso no domingo (19) à noite, que estava muito preocupada e pediu para a equipe do ministério falar comigo".
Jones Manoel em imagem de arquivo
Reprodução/TV Globo
Investigações
Em agosto deste ano, quando Jones recebeu a primeira ameaça, a mensagem veio de um e-mail institucional de um funcionário público da prefeitura de Porto Velho (RO).
Na época, ao fazer a denúncia ao Ministério Público Federal (MPF), Jones Manoel recebeu a resposta de que a competência sobre o caso seria estadual e não federal. Nesse caso, caberia atuação do Ministério Público de Rondônia.
Desta vez, a defesa de Jones Manoel procurou de novo o MPF, mas não teve o caso acolhido.
"O Ministério Público Federal, numa decisão inexplicável, disse que a competência não era federal, ignorando o conteúdo nazista, fazendo uma leitura que se tratava apenas de crime de racismo e de extorsão", disse o historiador.
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A defesa do influenciador disse que questionou a decisão do MPF e aguarda resposta do órgão. Jones Manoel também relatou que não foi procurado pela Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco sobre investigações do caso.
"Até agora o governo de Pernambuco não me procurou, não deu nenhuma assistência, não falou nada, absolutamente nada. Não há nenhuma posição da SDS", diz.
O g1 questionou a SDS se o caso é de ciência da instituição e se a Polícia Civil de Pernambuco irá investigar, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Jones Manoel afirmou que não irá cancelar sua agenda e reforçou a segurança. "Todas as agendas públicas foram mantidas. Nenhuma foi cancelada. A gente vai manter absolutamente tudo, mas tomando os devidos cuidados. Do ponto de vista de apoio estatal, a gente não teve nenhum", pontuou.
O que diz o MPF
Procurado, o Ministério Público Federal informou que:
declinou da competência ao Ministério Público de Rondônia por causa de uma jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido de que a competência para julgar tais fatos é do local de onde partiram as falas racistas;
o declínio da competência ainda passará por revisão da Câmara Criminal do MPF, que vai determinar se o ato será mantido ou se demanda novas providências;
verificou que outra denúncia chegou ao MPF na Paraíba e ainda não foi analisada porque só foi formalizada no sistema na segunda-feira (20).
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